quarta-feira, 7 de setembro de 2022

"Independência"


200 anos da Declaração de Independência do Brasil.

07 de setembro de 1822. Dom Pedro I, segundo a narrativa, soltou o brado "Independência ou morte!" em um morro próximo das margens do riacho Ypiranga. Montado em um cavalo imponente, empunhando uma espada, cercado por fidalgos e pelos homens da guarda especial que viriam a ser conhecidos como "Dragões da Independência".

Essa cena sublime foi retratada por Pedro Américo, em um quadro magnífico que se encontra no Museu do Ipiranga, em São Paulo-SP:



A despeito de todo o requinte, da ideia de heroísmo e da beleza que a referida obra transmite, a verdade é que o processo de emancipação político-administrativa do Brasil não ocorreu de forma tão cálida e pacífica. Ao contrário das águas plácidas do riacho, houve muita turbulência, resistência, lutas sangrentas por todo o país!

"O brado retumbante" não ecoou necessariamente da voz de um povo heróico. O fato é que a participação popular não foi expressiva. Conforme é possível observar no próprio quadro, intitulado "O Grito do Ipiranga", um homem simples assiste, perplexo, à cena pomposa em que Dom Pedro I é protagonista:



Ali, de forma alegórica e poética, evidencia-se o povo à margem de eventos cruciais para o futuro da Nação que estava florescendo. Nascia o Império, uma Monarquia Constitucional, uma ex-colônia, recém desmembrada da sua Metrópole (Portugal).

Anos mais tarde, em 15 de novembro de 1889, um Golpe de Estado político-militar, também referido na História do Brasil como Golpe Republicano ou Golpe de 1889, pôs fim ao regime monárquico e instaurou a forma republicana presidencialista de governo no Brasil.



Acima: imagens retratando o Golpe de Estado Político-Militar que instaurou o Regime Republicano no Brasil


A República: representação artística e alegórica


A Proclamação da República, levada a cabo pelo Marechal Deodoro da Fonseca, encerrou a monarquia constitucional parlamentarista do Império. Destituiu o então chefe de Estado, o Imperador Dom Pedro II, que foi obrigado a deixar o Brasil e partir para o exílio na Europa.


Marechal Deodoro da Fonseca proclamando a República


Teve início a Primeira República Brasileira, cujo primeiro Presidente foi o alagoano Marechal Deodoro da Fonseca. Curiosamente, um monarquista, que, muito contrariado, praticamente foi forçado a liderar as tropas militares no golpe que culminou com a queda do Império.


O Marechal Deodoro da Fonseca: Proclamador da República e primeiro Presidente do Brasil


Já o Imperador deposto, Dom Pedro II, tinha a simpatia da população. E o povo, assim como ocorreu na época da Independência, novamente foi um mero espectador em mais um evento engendrado pelas elites dominantes. No caso, as oligarquias burguesas agrárias, insatisfeitas e inconformadas com, entre outros fatores, a abolição da escravatura!



Charge ilustrando a Proclamação da República e a expulsão do Imperador Dom Pedro II e de sua côrte


Retrato de Dom Pedro II, Imperador deposto, que gozava de certo prestígio junto à população


O fato é que, no país, termos como "independência"; "liberdade, igualdade, fraternidade"; "ordem e progresso" etc. são restritos a alguns poucos privilegiados. A grande massa, a base da pirâmide, é cada vez mais dependente do Estado, em uma relação que pode ser entendida como uma forma de escravidão moderna velada.

Apesar de tudo, algumas nuances dos eventos mencionados deixaram um legado histórico, artístico e cultural interessante.

É o caso, por exemplo, das obras de arte (literatura, pintura, música etc.). Entre elas, o já citado quadro de Pedro Américo e outras telas magníficas; a Bandeira do Império, estética e visualmente mais atraente do que a da República Federativa do Brasil; e o belíssimo Hino da Independência, cuja linda melodia foi composta pelo próprio Imperador Dom Pedro I, tendo a letra sido escrita por Evaristo Veiga.

Também despertam uma certa nostalgia, fazendo-nos recordar a infância, em uma época na qual as escolas reuniam os alunos antes do início das aulas para cantar os hinos e acalentar um sentimento de patriotismo genuíno.

Para finalizar, a transcrição do Hino da Independência:

Já podeis da Pátria filhos,
Ver contente a mãe gentil;
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil
Já raiou a liberdade,
Já raiou a liberdade,
No horizonte do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá temor servil
Ou ficar a Pátria livre
Ou morrer pelo Brasil;
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.

Os grilhões que nos forjava
Da perfídia astuto ardil…
Houve mão mais poderosa…
Zombou deles o Brasil;
Houve mão mais poderosa
Houve mão mais poderosa
Zombou deles o Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá temor servil
Ou ficar a Pátria livre
Ou morrer pelo Brasil;
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.

Não temeis ímpias falanges
Que apresentam face hostil;
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil;
Vossos peitos, vossos braços
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá temor servil
Ou ficar a Pátria livre
Ou morrer pelo Brasil;
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.

Parabéns, ó! brasileiros!
Já, com garbo varonil,
Do universo entre as nações
Resplandece a do Brasil
Do universo entre as nações
Do universo entre as nações
Resplandece a do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá… temor servil
Ou ficar a Pátria livre
Ou morrer pelo Brasil;
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.




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